terça-feira, 8 de maio de 2012

# 12 Drops from the Heart


O limoeiro do meu pomar
O meu pomar tem um canto árido e lá mora um limoeiro. É uma árvore estranha, vive na aridez de um solo estéril. Naquele canto não há sol, não há luz, não há chuva, nada vive, nada cresce, só o limoeiro teima em lá existir, envolto em bruma e gotas de orvalho. É uma árvore frágil mas resiliente, de tronco e ramos esguios, cravados de espinhos. Nunca lhe vi folhas, flores ou frutos.
Mas esta Primavera por entre os espinhos despontou timidamente um botão. Pequenino, frágil, inocente. Vi-o crescer, ganhar forma e dele nascer uma flor e depois a primeira folha. Uma flor sorridente, feliz na sua fragilidade. Pétala a pétala foi despontando e com ela nasceram outros botões e outras folhas. O limoeiro ganhou vida e o canto árido do pomar viveu com ele. Os espinhos foram dando lugar a pequenas flores, as folhas despontaram nos ramos, o sol brilhou e a bruma desvaneceu-se. Os pássaros vieram, as abelhas e as borboletas. De repente o meu pomar de canto árido estava completo.
Semana após semana, vi o meu limoeiro ganhar vida, vi a metamorfose, vi a promessa do Verão e imaginei o perfume dos limões que dele nasceriam. Seriam especiais, únicos. Frutos amarelos, de casca brilhante e sabor intenso. Limões com alma.
Mas uma manhã acordei e no canto verdejante do meu pomar havia folhas e pétalas pelo chão, o limoeiro despia-se. A bruma envolvia-lhe o tronco e já lhe chegava aos ramos. Onde antes moravam flores alegres agora voltavam os espinhos. O orvalho cobria os espinhos como no Inverno permanente que tinha antecedido esta Primavera inesperada. O meu limoeiro está a voltar ao Inverno. 
A primeira flor mantém-se no âmago da árvore. Está envolta na bruma que a cerca, tem as pétalas orvalhadas mas ainda vive. É o coração da Primavera que teima em bater. É um batimento frágil mas resiliente como o limoeiro. Enquanto esta flor viver há a esperança que a Primavera regresse. Ela é a promessa do meu limoeiro no futuro. 
TMT

11 comentários:

  1. Das cinzas também renasceu Fénix!!! Enquanto hé esperança há vida. O limoeiro é um resistente.

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  2. Sou fã numero um das coisas que escreves, mas adoro este texto.Tem magia, tem fé, tem esperança! Bons ingredientes para uma futura primavera cheia de cor e de alegria!
    Beijocas

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  3. Há sempre esperança!!!
    E teremos sempre a Primavera ;)

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  4. este texto está lindíssimo.maravilhoso.

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  5. Lindo texto!
    Um limoeiro teimoso... e a Privmavera que nunca mais volta...!

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  6. Eu já disse mtas vezes ADOR mesmo mesmo o que escreves :)
    E a ESPERANÇA é a última a morrer :*
    Beijinho grande

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  7. Texto lindíssimo, inspirador e que irradia esperança.

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  8. Oh rapariga, tu devias escrever um livro...

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  9. O canto árido do teu pomar deixou de o ser, pois dele nasceu este belo fruto em forma de prosa poética.
    Beijinho

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