Porque nem sempre a maternidade é
um mar de rosas e virtudes, porque nem sempre as mães são perfeitas, porque nem
sempre a vida é justa. Hoje resolvi escrever sobre outra realidade da
maternidade. Uma realidade nua, crua, sem amor, sem dádiva mas real. Não se
escrevem cartas na terceira pessoa do singular, escreve-se com o eu na boca e o
coração nas palavras.
Carta a uma Mãe ausente,
Não consigo chamar-te Mãe. És para mim somente o corpo que me carregou
nove meses. Quando nasci, expeliste-me de ti como quem vomita algo estragado e
de seguida lava a boca. Não me pegaste ao colo, não me amamentaste, não me
embalaste no teu seio. Nove meses de fel alimentaram-me, vivi em ti como quem
cumpre pena por um crime, sou o teu crime imperfeito.
Passaram muitos anos sobre o dia em que nasci, hoje sei-te morta e não
me dói. Sou insensível à tua morte.
Nunca te vi o rosto, não te conheço as mãos, o cheiro, a voz. Os olhos
que vejo reflectidos no espelho são meus, somente meus. Sou a incógnita de uma
existência. Nasci e estou viva mas algo em mim jaz morto.
Deste-me como quem dá uma camisa usada a um estranho. Lavaste as mãos
de mim e esqueceste-me. Não te interessou a minha sorte.
Hoje escrevo-te para te agradecer a ausência, não me fizeste falta mas
ter nascido de ti fez-me mal, deixaste em mim a ausência nos olhos, foi esta a
tua herança. Olho o mundo ausente nele, aprendi a conjugar todos os possíveis
tempos da ausência. Este sentir, canta no meu sangue como um fado. Estou
ausente para a vida, até um dia estar presente para a morte.
De quem não te é filha
É realmente uma verdade nua e crua, mas COMPREENDO muitas das tuas palavras.
ResponderEliminarUma beijoca carinhosa xxx
Também há realidades destas e vejo as pessoas a esquecerem-se vezes sem conta disto. Bj.
EliminarA tua carta faz-me doer o coração! Ninguém devia ter esta ausência da mãe! Mas esta é uma realidade que vejo muitas vezes, até vezes de mais!
ResponderEliminarAinda assim apesar das adversidades, fez-se caminho! Porque o nascimento não nos define, nem nos torna naquilo que queremos ser. Isso cabe-nos a nós. Não te sais-te nada mal!
Um beijão e um abraço apertadinho
Faz-se sempre caminho, o nascimento não nos define mas molda-nos a todos, querendo ou não. Beso cariño.
EliminarDói saber desta ausência...
ResponderEliminarBeijinho
Nem tudo é feliz nas histórias da maternidade, há-as assim, infelizmente. Bj.
EliminarDoloroso ler isso... infelizmente a vida não é sempre cor de rosa.
ResponderEliminarPois não, infelizmente as pessoas esquecem-se que há histórias diferentes.
EliminarPois é, a vida não é perfeita.
ResponderEliminarBeijo grande.
Pois não.
Eliminar:( beijinho para ti...
ResponderEliminaro teu texto toca mesmo no coração, porque vê-se que foi escrito com muito sentimento...
Obrigada :)
EliminarSweet kiss :*
ResponderEliminarKisses :)
EliminarPor vezes a vida é mesmo uma m*****a!
ResponderEliminarMas há outras coisas que fazem aquecer dentro do peito, são essas que contam no final...
Beijinhos grande e abraço hiper apertado*
;)
Beijocas jeitosa ;)
EliminarBolas, ainda eu me queixo da minha mãe, da ausência, da falta de preocupação... e se queres que te diga sinceramente: também não me faz falta. A minha ainda está viva, mas para mim é como se estivesse junto com a tua.Belo texto, apesar de tudo.
ResponderEliminarBj** e boa semana**
Tanita, este foi um exercício de escrita, mas reflecte uma realidade mais comum do que muitas vezes pensamos. Felizmente as mães não definem os filhos. Bjs.
EliminarLemon, de alguém como eu que soube o que era uma mãe digna desse nome, é complicadíssimo ler esta carta... porque sei que nem todos tiveram uma mãe digna desse nome, como eu... porque sei que esta realidade existe e isso entristece-me tanto, mas tanto...
ResponderEliminarBeijinhos
Convém não nos esquecermos da realidade, a realidade é muitas vezes esta, muitas vezes mesmo.
EliminarBj.
Este texto deixou-me sem palavras! Isto não deveria acontecer nunca, mas infelizmente vivemos longe de um mundo perfeito.
ResponderEliminarBjinho
A vida suplanta muitas vezes a ficção.
EliminarBj.
Li este texto e lembrei-me da minha mãe e do que ela sofreu com a mãe dela. Felizmente não pegou no exemplo que teve e tornou-se uma mãe completamente diferente daquela que foi a sua.
ResponderEliminarAcredito que assim será contigo.
Um beijo grande
Ao ler o teu texto viajei até á minha infância infeliz, mas a tua foi pior ou não, ás vezes abandonar, dar a alguém é melhor, muito melhor do que maltratar. Por isso sempre quis ser mãe para simplesmente amar sem medidas.
ResponderEliminarMamã Petra, isto não é um texto biográfico é um relato de uma realidade infelizmente real.
Eliminarnem sei que dizer, é uma realidade pois é, mas é triste... no entanto não posso deixar de concordar com a mamã petra, dar é melhor que maltratar...
ResponderEliminarPois.
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