O limoeiro do meu pomar
O meu pomar tem um canto árido e lá mora um limoeiro. É uma árvore estranha, vive na aridez de um solo estéril. Naquele canto não há sol, não há luz, não há chuva, nada vive, nada cresce, só o limoeiro teima em lá existir, envolto em bruma e gotas de orvalho. É uma árvore frágil mas resiliente, de tronco e ramos esguios, cravados de espinhos. Nunca lhe vi folhas, flores ou frutos.
Mas esta Primavera por entre os
espinhos despontou timidamente um botão. Pequenino, frágil, inocente. Vi-o
crescer, ganhar forma e dele nascer uma flor e depois a primeira folha. Uma
flor sorridente, feliz na sua fragilidade. Pétala a pétala foi despontando e
com ela nasceram outros botões e outras folhas. O limoeiro ganhou vida e o
canto árido do pomar viveu com ele. Os espinhos foram dando lugar a pequenas
flores, as folhas despontaram nos ramos, o sol brilhou e a bruma desvaneceu-se.
Os pássaros vieram, as abelhas e as borboletas. De repente o meu pomar de canto
árido estava completo.
Semana após semana, vi o meu
limoeiro ganhar vida, vi a metamorfose, vi a promessa do Verão e imaginei o
perfume dos limões que dele nasceriam. Seriam especiais, únicos. Frutos
amarelos, de casca brilhante e sabor intenso. Limões com alma.
Mas uma manhã acordei e no canto
verdejante do meu pomar havia folhas e pétalas pelo chão, o limoeiro despia-se.
A bruma envolvia-lhe o tronco e já lhe chegava aos ramos. Onde antes moravam
flores alegres agora voltavam os espinhos. O orvalho cobria os espinhos como no
Inverno permanente que tinha antecedido esta Primavera inesperada. O meu
limoeiro está a voltar ao Inverno.
A primeira flor mantém-se no
âmago da árvore. Está envolta na bruma que a cerca, tem as pétalas orvalhadas
mas ainda vive. É o coração da Primavera que teima em bater. É um batimento
frágil mas resiliente como o limoeiro. Enquanto esta flor viver há a esperança
que a Primavera regresse. Ela é a promessa do meu limoeiro no futuro.
TMT
TMT
Das cinzas também renasceu Fénix!!! Enquanto hé esperança há vida. O limoeiro é um resistente.
ResponderEliminarViva a Primavera!
ResponderEliminarSou fã numero um das coisas que escreves, mas adoro este texto.Tem magia, tem fé, tem esperança! Bons ingredientes para uma futura primavera cheia de cor e de alegria!
ResponderEliminarBeijocas
Há sempre esperança!!!
ResponderEliminarE teremos sempre a Primavera ;)
este texto está lindíssimo.maravilhoso.
ResponderEliminarLindo texto!
ResponderEliminarUm limoeiro teimoso... e a Privmavera que nunca mais volta...!
Eu já disse mtas vezes ADOR mesmo mesmo o que escreves :)
ResponderEliminarE a ESPERANÇA é a última a morrer :*
Beijinho grande
Gosto especialmente do final.
ResponderEliminarTexto lindíssimo, inspirador e que irradia esperança.
ResponderEliminarOh rapariga, tu devias escrever um livro...
ResponderEliminarO canto árido do teu pomar deixou de o ser, pois dele nasceu este belo fruto em forma de prosa poética.
ResponderEliminarBeijinho